- O que quer comigo? - voltei a perguntar.
- Eu já te disse, Horácio, quero que me ame! - Aline sentou ao meu lado, tentando me tocar, mas me afastei. - Por favor, pelo menos por hoje.
A vontade de ficar sozinho só crescia em mim.
- Se eu te der o que quer, vai me deixar em paz?
Em situações normais, eu nunca diria isso. Mas não era uma situação normal. Eu sentia meu cérebro pulsando, sentia meu coração e o sangue em minhas veias. Escutava sua respiração como a milímetros de mim, escutava o maldito carro lá fora, e o cachorro que latia, sabe-se lá aonde. Eu precisava pensar.
- Sim - respondeu ela, depois do que pareceu ser uma eternidade.
Aproximei-me dela sem mais delongas, abraçando sua cintura fina e beijando seus lábios ressequidos. Não me sentia disposto a tal, mas se aquilo faria-a me deixar, que assim fosse. Creio não ser preciso entrar em mais detalhes. Para um usar um termo belo, fiz amor com ela. Mesmo que não tivesse nada de amor naquilo.
Como eu esperava que acontecesse, ela me deixou pouco tempo depois, constrangida e provavelmente percebendo que eu não queria que continuasse do meu lado. Antes de bater a porta ao sair, sussurrou um "boa noite", que não respondi.
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