Essa é minha história. Não importa para mim se irá ou não acreditar nela. Também não me importo com qualquer outra coisa. Peço-lhe, apenas leia.

Dezesseis (Dedicado à Shabele)

   - A única religião que chegou perto de todo esse conhecimento foi o xamanismo - recomeçou Enkil. - Somente o xamanismo entende que o sangue tem poder e um grande número de mistérios. Para citar algum trecho anônimo que ouvi em muito tempo de pesquisa, temos: "o sangue é a vida do homem, a primeira encarnação do fluido universal, a luz vital materializada". Muitos outros povos mais primitivos acreditavam que sangue era algo poderoso, do contrário, o que explicaria os sacrifícios sangrentos que todos um dia já ouvimos falar? Mas a mulher do orfanato nos explicou uma coisa. Hoje, podemos conseguir essa energia que encontramos no sangue através do amor, da alma, através daquilo que espero ter de você.
   - O sangue, como muitos pensam, não carrega somente o oxigênio de que nossas células necessitam. Ele contém todos os registros da vida da pessoa, todas as imagens, desejos, lembranças, sentimentos, e, se você souber filtrá-lo o suficiente, até mesmo o conhecimento.
   - Então, no nosso primeiro encontro, teve acesso à todas essas informações minhas? - perguntei.
   - Não. Eu poderia, se quisesse, mas não; eu estava concentrado em algumas coisas, apenas. As coisas necessárias para eu saber se poderia voltar a te encontrar.
   - E o que exatamente quer me ensinar?
   - A saber obter e aproveitar o sangue, e também a dar seu sangue sem deixar que tirem todo tipo de informação de você. E quero te mostrar como o sangue, o meu sangue, pode te fazer ver as coisas de um modo diferente, ver a verdadeira beleza. Ver a beleza nas coisas que antes sentia repulsa.
   Eu ainda estava repleto de perguntas, algumas essenciais, outras aparentemente tolas. Mas não queria fazê-las. Minha mente estava tão cheia de novas informações que eu precisava colocá-las em ordem antes de saber mais. Disse isso para ele, com palavras fracas.
   - Como quiser, meu mais novo pupilo - respondeu ele. - Vai querer terminar nossa reunião por aqui?
   - Não! - respondi, mal ele terminando a frase. Me espantei com minha exclamação e me recompus. - Quero que faça de novo.
   O sorriso dele foi discreto e indescritível.

6 comentários:

  1. Sinceramente, achei isso uma grande droga. Estou me decepcionando, rs. Não estou conseguindo mais escrever como antes, eu acho. Vou tentar com todas as minhas forças melhorar.

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  2. Não diga isso... você escreve de um modo tão perfeito,e como eu já disse uma vez, tão envolvente que me deixa cada vez mais ansiosa para ler o resto.

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  3. Como eu já te disse por diversas vezes,você escreve muito bem...o que importa mesmo,é o que você quer transmitir,e consegue transmitir para seus leitores!

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