Essa é minha história. Não importa para mim se irá ou não acreditar nela. Também não me importo com qualquer outra coisa. Peço-lhe, apenas leia.

Quatorze. (Dedicado à Alana)

   - Nunca fomos adotados - continuou Enkil. - Amil foi o primeiro a deixar o orfanato, com a promessa de que, quando saíssemos, nos juntaríamos a ele. E foi isso que aconteceu. Quando Mekare, a mais nova, se juntou à nós, é que realmente começamos a considerar a ideia de fazer o que a mulher nos orfanato nos imcubira.
   Ele fez uma pausa, parecia estar colocando os pensamentos em ordem. O olhar estava distante, através da janela.
   - Continue - pedi educadamente.
   Eu estava fascinado por sua história. Apenas de tudo ser tão irreal, eu sabia que era verdade. Tinha que ser verdade.
   Ele voltou a focalizar o olhar em mim.
   - Decidimos, por amor à nossa cuidadora, fazer o que ela nos disse. Traçamos um plano. Éramos quatro, e estávamos decididos a espalhar Os Segredos do Sangue por todo o mundo. Fizemos uma lista dos países que cada um visitaria. Deseja vê-la?
   - Sim, claro.
   Ele saiu por um corredor escuro. Voltou pouco tempo depois, carregando um papel dobrado. Me entregou.

   Amil: Afeganistão, África do Sul, Egito, Rússia, Grécia, Índia, Marrocos.
   Akasha: Canadá, Estados Unidos, México, Japão, China.
   Enkil: Portugual, São Tomé e Príncipe, Brasil, Espanha, Reino Unido, Vaticano.
   Mekare: França, Alemanha, Irlanda, Itália, Romênia, Austrália, Noruega, Polônia.

   - Como escolheram os países que visitariam?
   - Ao contrário do que pode parecer, não ouve muitos projetos. Fizemos uma lista inicial de países que achávamos que mereciam nossa visita. Todos países de influência considerável. O único acrescentado depois foi São Tomé e Príncipe, pois achamos que o Continente Africano estava desfalcado, e o escolhemos por ser de língua portuguesa, dialeto que algum de nós já teria que aprender. A divisão foi feita por puro interesse de cada um pelo país. Alguns, como o Egito e a Romênia foram disputados, por motivos óbvios.
   - E então sairam pelo mundo, viajando e bebendo sangue? - perguntei, cheio de sarcasmo.
   - É lógico que não. Trabalhamos muito, economizamos muito e tivemos muita força de vontade. Não sei se sabe o que é ter um objetivo real na vida. Todos cooperamos. Estudamos muito, guardamos muito dinheiro. Vivíamos apenas com o indispensável. E compartilhamos da mesma dor: a dor de saber que, se quiséssemos mesmo continuar com aquilo, teríamos que nos separar. Mas assim fizemos.

4 comentários: